Prefeitura, empresariado e entidades se unem na retomada gradual e segura do turismo
Nesta quinta-feira o Comitê da Retomada Turismo RS – uma ampla frente formada por 368 empresas, 83 entidades, 41 municípios e conselhos, além de centenas de profissionais do setor do turismo – entregou ao prefeito Guilherme Pasin, de Bento Gonçalves, uma nova proposta de Modelo de Distanciamento Controlado, baseada na retomada gradual e segura das atividades turísticas.
Em caráter propositivo, o documento equaliza as restrições previstas em cada bandeira face o momento atual. “O fluxo turístico está retornando e não adianta mais simplesmente fechar as portas. Precisamos de normas de controle e prevenção eficientes, divulgadas massivamente, que tornem viável a retomada responsável do turismo. Este é o caminho para superar a grave crise que assola um dos mais procurados destinos turísticos do Brasil, o Rio Grande do Sul”, afirma Thomas Fontana, C.E.O. do G30, grupo de empresários e entidades gaúchas que lideram um amplo movimento estadual pelo “turismo seguro”.
Embora o cenário atual continue devastador para a economia e em especial para o turismo, no Rio Grande do Sul as lideranças do setor não se contrapõem ao Modelo de Distanciamento Controlado adotado pelo governo estadual no início da pandemia, em março deste ano.
“Pelo contrário, nosso estado foi exemplar em rapidamente estabelecer políticas de controle e prevenção da pandemia. Mas a expectativa de que a quarentena se estendesse por 40 ou 60 dias não se confirmou e agora, passados quatro meses de enfrentamento, é chegado o momento de aprender a conviver com a Covid-19, retomando as atividades econômicas de forma segura e gradual”, explana Luiz Fernando Moraes, uma das cabeças pensantes do G30.
Ex-Secretário da SMtur Porto Alegre, o jornalista e publicitário já presidiu a TVE e a Anseditur (Associação Nacional dos Dirigentese Secretários de Turismo). “Trago para o Comitê da Retomada a experiência da gestão pública no turismo. Precisamos traçar estratégias tangíveis em parceria com as diferentes esferas de poder envolvidas nesta pandemia.”
Para Giovana Ulian, diretora executiva da Biossplena, empresa de Inteligência Urbana, um dos fatores a favor do trabalho do Comitê é a capacidade de conciliar as diferentes demandas do setor. “Não é hora de posições extremadas – precisamos dialogar para encontrar um caminho objetivo, que garanta segurança e evite o
agravamento da crise”, avalia.
União de esforços
“Em março fomos pegos de surpresa pelas medidas restritivas no combate à Pandemia. Foi assustador, mas todos esperávamos para o segundo semestre a retomada do fluxo normal do turismo interno. Passados quatro meses com caixa praticamente zerado, já sabemos que a recuperação do setor levará de 18 a 24 meses. Neste cenário, mais da metade das empresas do setor do Turismo no RS fecharão definitivamente as portas.” A declaração é de Márcia Ferronatto, Diretora Executiva do SEGH, associação dos empresários de Gastronomia e Hotelaria da Região Uva e Vinho. Mais de 80% são pequenas e médias empresas, que não conseguem acesso às linhas de crédito anunciadas para o setor.
“Não há solução mágica para estas empresas, que estão impedidas de trabalhar enquanto acumulam dívidas impagáveis”, sentencia Márcia.
Pesquisas apontam o Rio Grande do Sul como o 4º estado do país com mais perdas no setor de turismo. São prejuízos na ordem de R$ 90 bilhões e quase 1 milhão de postos de trabalho extintos nestes quatro meses de ‘abre e fecha”.
“Nosso desafio no combate à pandemia é a busca pelo equilíbrio entre a saúde dos cidadãos e a saúde da economia ”, declara o prefeito Guilherme Pasin, de Bento Gonçalves, durante o ato formal de entrega do Modelo de Distanciamento Controlado proposto pelo Comitê da Retomada Turismo RS.
“Liberar em excesso é uma atitude tão danosa quanto o abre e fecha. Para promovermos mudanças no modelo atual
precisaremos de muito diálogo e embasamento. Por isso o apoio do empresariado e das entidades, através de um Comitê altamente representativo, é decisivo para empreendermos uma retomada segura
e responsável”, declara Pasin.
Impacto negativo no turismo gera desemprego em massa
A recuperação econômica do Rio Grande do Sul, após o Covid19, poderá levar de dois a três anos. Estima-se que até 40% do setor de gastronomia estadual fechará suas portas para sempre até o final da crise. Hoje menos de 20% do
setor turístico está operando no RS.
“A abertura, mesmo que gradual, poderá evitar mais fechamentos. Dos 100 mil trabalhadores da gastronomia no estado, 30 mil já perderam seus empregos em micro e pequenas empresas, que constituem a base do setor turístico”, pondera o integrante do Comitê Felipe Peccin, ex-secretário de Turismo de Gramado e empresário do ramo da hotelaria.
Maiores áreas sociais nos hotéis, aeroportos mais amplos, mais espaçamento nos restaurantes e testes de saúde para viajar entre estados são algumas das novas regras no mercado de turismo. Mas os maiores desafios estão no ramo de
eventos, ainda sem previsão para reiniciar atividades. Para a presidente do Bento Convention Bureau, Gabrielle Signor Rodrigues, sem uma perspectiva de abertura definitiva, é impossível planejar a retomada da realização de eventos públicos ou privados.
“Mesmo considerando apenas eventos menores e a médio prazo, precisamos iniciar a estruturação com muitos meses de antecedência. Esta incerteza do “abre-fecha” afasta todos os investimentos neste setor e torna inviável a sobrevivência dos profissionais de eventos e de todos os empregos indiretos que este segmento do turismo gera”, diz Gabrielle.
Os serviços de Turismo e Gastronomia empregam o representativo contingente de 10% da população ativa no país. Substituir o “fique em casa” pelo “viaje seguro” envolve severas mudanças operacionais nas empresas. Maior controle nas filas e aglomerações, mais espaço nos veículos, espaçamento obrigatório nos estabelecimentos e rastreamento de público nos eventos farão parte das fiscalizações municipais. Para estas adequações o Comitê conta com apoio da expert Amanda Paim, Coordenadora Estadual da Economia Criativa e Turismo do SEBRAE RS.
“Esta nova realidade de convivência com o COVID-19 é um desafio descomunal para quem está há meses impedido de trabalhar, lutando para manter sua equipe, negociando com fornecedores, honrando impostos e ainda buscando motivação extra para acolher com esmero. Precisamos retomar de forma planejada as atividades turísticas, capacitando gestores e empresas para garantir segurança ao nosso turista”, explica Amanda, que trabalha em ativa
parceria com empresariado gaúcho.
Destino Seguro no Brasil
“Estamos trabalhando dia e noite para que o Rio Grande do Sul seja reconhecido como um dos destinos mais seguros do Brasil. Parametrizamos os critérios de abertura e fluxo nas bandeiras propostas pelo estado, adotamos selos de
certificação e protocolos da OMS para garantir uma verdadeira zona de segurança em nossos destinos. Adequamos os índices do Distanciamento Controlado à uma realidade que já se apresenta, pois as pessoas estão voltando
às ruas, o fluxo de visitantes está aumentando, seja por necessidade ou seja por já pertencerem ao grupo imune”, relata a empresária e hoteleira Deborah Villas-Bôas Dadalt, representante do enoturismo no Comitê da Retomada.
Para ela, a parceria público-privada é a chave para a superação desta crise. “Se lidarmos com esta realidade de forma colaborativa, com governo e sociedade unidos nas mesmas bases, assumindo diretrizes confiáveis, estruturaremos uma retomada econômica segura e viável. Somos um destino turístico amado e respeitado em
todo o Brasil e devemos dar o exemplo.”
SERVIÇO
Nesta manhã de quinta-feira o Comitê da Retomada Turismo RS entregou ao Prefeito de Bento Gonçalves, Guilherme Pasin, nova proposta de Modelo de Distanciamento Controlado para o setor do turismo. Pasin declarou apoio ao pleito, que propõe o fim do “abre e fecha” em favor de uma reabertura gradual e responsável para os municípios.
À tarde o Comitê se reúne com a AMESNE (Associação dos Municípios da Encosta Superior do Nordeste) e a AMSERRA (Associação dos Municípios de Turismo da Serra) para apresentação formal do novo MDC. Em reunião prévia realizada na noite desta quarta-feira (22.07), o Presidente da AMESNE, o Prefeito de Cotiporã José Carlos Breda, que já conhece o trabalho do Comitê, buscará angariar apoio regional à iniciativa, que julga estar alinhada com a disposição das demais prefeituras que compõem as duas associações.
Nesta sexta-feira Pasin e Breda se reunirão aos Prefeitos da AMESNE e de diversas outras associações de municípios gaúchos para formalizar, junto ao Governo do RS, o aceite por mais autonomia para as prefeituras nas gestão da
crise gerada pela Pandemia COVID19.
Fonte: Comitê da Retomada Turismo RS
Foto: Divulgação
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