Moradores de Águas Claras enfrentam filas enormes para teste do Covid-19 no estacionamento do Centro Universitário Euroamericano (Unieuro). O 'drive-thru' é feito para testagem em massa do novo coronavírus e o atendimento realiza-se por ordem de chegada, dentro do veículo, sendo proibido sair do carro sem orientação da equipe de saúde. Também é recomendado o uso de máscaras faciais e que cada carro tenha, no máximo, quatro pessoas. Foto: Leopoldo Silva/Agência Senado

Quatro meses de Covid-19, casos, óbitos, “abre e fecha” e a esperança do fim da epidemia

Este sábado, 11 de julho, registrou quatro meses em que a OMS (Organização Mundial da Saúde) declarou pandemia mundial em razão do novo coronavírus. Estes 120 dias de enfrentamento ao Covid-19 superam mais de 12 milhões de casos no mundo, 567 mil óbitos (somente no Brasil passa de 70 mil) e 7 milhões de recuperados (no País 1,2 milhão) (*dados da plataforma Johns Hopkins).

Para avaliar este cenário em um momento que se aguarda a vacina como melhor alternativa para proteção da sociedade, a Rádio Difusora entrevistou dois nomes que ganharam notoriedade durante o período: o epidemiologista e reitor da UFPEL (Universidade Federal de Pelotas), instituição que coordena o estudo brasileiro que investiga o número de infectados e a evolução da pandemia, Pedro Hallal; e o deputado federal, ex-ministro e médico, Osmar Terra (MDB-RS), crítico do isolamento social e que já enfrentou momento semelhante quando foi secretário de Saúde do RS, durante a epidemia de H1N1.

O que diz Pedro Hallal, da UFPEL:

O epidemiologista em vídeo entrevista para Rádio Difusora entende que o momento tem sido de grande aprendizado considerando que pouco se sabia do vírus desde sua chegada ao Brasil. Ele acredita que embora declarações que trouxeram divergência e até atrapalharam o trabalho científico, por parte do presidente Jair Bolsonaro, houve erros e acertos.

“O Distanciamento Social cedo fez com que circulasse menos aqui e o País levou a sério a pandemia. Mas, o Brasil não entendeu a mensagem de um lockdown mais rigoroso que seria até melhor para retornar à atividade econômica de forma mais rápida. Errou também por não ter uma política de testagem ampla”, pondera.

Aliás, o Rio Grande do Sul adotou o Modelo de Distanciamento Controlado construído com base em critérios de saúde e economia, que continua repercutindo pelo “abre x fecha”.

Pedro destaca que os números no Estado são menos piores do que outros locais justamente por esta metodologia.

“Apesar do meio termo acho que não é por acaso que o RS tem menos mortes que outros lugares do Brasil”, comenta.

O reitor reconhece que a curva já está na descendente em boa parte dos Estados, mas as regiões Sul e Centro-oeste trazem situações mais complexas.

“Até onde subiremos depende do que faremos a partir de agora. Será condicional ao que a população fizer”, acrescenta.

Falou da necessidade de aguardar para qualquer tipo de retorno presencial às aulas e que se ocorrer, da importância de um menor número de estudantes e de protocolos para nortear as ações. Entende que não deveria retornar o Campeonato Gaúcho e que o título deveria ser dado ao Caxias, encerrando a competição, justamente para resguardar a saúde dos envolvidos.

Questionado do cenário da Serra Gaúcha com um elevado número de casos e também de pessoas curadas, fala de um descumprimento de regras.

“Caxias do Sul é a cidade que representa a Serra no Estudo e tem os piores resultados no Distanciamento Social. É a cidade que mais descumpre e percebemos a epidemia se deslocando. Há um desequilíbrio neste momento e fazemos um apelo à população”, finaliza.

Assista no vídeo a reportagem:

O que diz o deputado federal, ex-ministro e médico, Osmar Terra (MDB-RS)

Quatro meses após a epidemia do novo coronavírus o deputado mantém o discurso que no início do processo era observado com questionamentos, mas que com o tempo começou a ganhar mais adeptos. A crítica do fechamento econômico, a duração de 13 semanas, a necessidade de cuidados e as graves consequências para a população com perda de empregos são avaliados no vídeo entrevista realizado pela reportagem.

“As epidemias seguem um padrão característico, tem duração determinada, com começo, meio e fim”, diz o deputado.

Durante toda a entrevista Terra apresentou gráficos e índices comparando com outros Países e diz que o mesmo acontece no Brasil a partir desta segunda quinzena de julho, ou seja, o pico já passou e os números deverão cair ainda mais.

No entendimento do ex-ministro “foi em abril. Não tem achatamento de curva, prometeram que se trancasse todos em casa ia ter achatamento e essa era a promessa, não aconteceu isso”, reforça.

Ele lamenta os óbitos registrados por Covid-19, mas reitera o significado do “abre e fecha” para a economia, além de questionar o Modelo do Distanciamento Controlado no RS.

Foto: Arquivo, entrevista deputado Osmar Terra

“Não precisava ter fechado e quebrado todas as lojas. Pela primeira vez na história mais da metade da população brasileira ficou sem emprego e sem renda. Se não fosse a mesada do presidente (auxílio emergencial) estaríamos num caos”, acrescenta.

Perguntado se em uma eventual reabertura total seguindo medidas de controle sanitárias e os riscos de uma segunda onda de contágio minimizou.

“Não existe segunda onda. Ela só diminui quando a maior parte da população já foi contaminada e já tem defesa. Inventaram um estudo na Coréia que as pessoas tinham se reinfectado, sem fundamento, depois pediram desculpas”, disse.

A solução de testagem ampla é uma forma de melhorar ainda mais o controle neste estágio final de epidemia considerado pelo deputado.

“A proposta seria de fazer 1 milhão de testes no Rio Grande do Sul e isto depende da capacidade de processamento”, comentou.

A Secretaria Estadual de Saúde apresentou no último dia 7, o projeto “Testar RS”, com previsão de mais de 3 mil exames diários como meta entre agosto e setembro, o RT-PCR (que detecta a presença do vírus no organismo).

Talvez uma das perguntas que não tenha sido realizadas pela mídia em entrevistas com Osmar Terra, seja justamente a última na conversa com a emissora.

– Ganhou mais adeptos pelas suas opiniões, ou perdeu?

Com um sorriso inicial, o deputado respondeu que “já passei da idade. Tenho uma experiência que poucas pessoas tem por circunstâncias da vida. Estou no final da carreira política e não iria me omitir numa situação tão grave”, encerrou.

Assista o vídeo entrevista abaixo:

 

Fonte: Felipe Machado – reportagem especial e exclusiva – Central de Jornalismo da Difusora

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