“É preciso entender as dores dos nossos clientes”, diz a pesquisadora Cristiane Romagna em live do CIC-BG

Cristiane Romagna disse em live do CIC-BG que pandemia acelerou o futuro, antecipando mudanças que já estavam em curso

Para a pesquisadora de comportamento Cristiane Romagna, compreender o comportamento humano é indispensável à sobrevivência dos negócios. Em live promovida pelo Centro da Indústria, Comércio e Serviços de Bento Gonçalves (CIC-BG), a pesquisadora comenta que a natureza humana é complexa e que mudanças podem ser significativas dependendo da época e do contexto, principalmente pelos aprendizados. “Vivíamos em modo automático e, de modo abrupto, as relações mudaram. O fato é que estamos sendo impulsionados a buscar novas formas de viver, de trabalhar, de se relacionar, de consumir e de ter lazer. A partir do lockdown fomos levados a refletir e repensar sobre tudo isso e sobre o que realmente faz sentido nas nossas vidas”, disse Cristiane.

Esse não é um momento confortável e nem uma tarefa fácil, comenta a pesquisadora – porque não se sabe a forma exata que a curva seguirá. “Não existe uma única visão de futuro, e não é simples entendermos as nuances dessas mudanças. Esse ‘novo normal’ que se fala ainda está sendo construído – e nos coloca diante de um mundo muito mais fluído e complexo, mas que também nos abre uma série de oportunidades” , comentou.

Quando o assunto é consumo, sugere a head da Romagna MKT + Pesquisa, é preciso ter um olhar empático e assumir a postura de observador. “O primeiro passo é estar aberto aos aprendizados que o momento tem nos trazido, além disso é preciso descobrir quais são as dores e preocupações das pessoas e o que faz sentido na vida delas. Estando aberto aos aprendizados, assumindo essa postura empática e conhecendo a fundo o mercado e o cliente, fica mais fácil elaborar ou ajustar ações para ter uma entrega de valor e que faça sentido”. Outra parte importante neste processo de aprendizados está voltada para os dados que as empresas dispõem. “Os dados podem valer mais que produtos e serviços em alguns casos. Algumas das maiores empresas de valor de mercado no mundo tem como principal ativo os dados dos seus usuários.”, salientou.

A live, conduzida pela diretora de Comunicação e Marketing do CIC-BG, Jana Brun Nalin, também explorou os novos relacionamentos surgidos com a pandemia e o que resultou deles. “Atuávamos de uma maneira mais linear, e agora é instabilidade o tempo inteiro, o que nos obriga a estar sempre conectado e desenvolver novas habilidades, porque hoje é uma coisa e amanhã outra”, disse Jana. Cristiane corroborou, exemplificando a questão do home office. Para a pesquisadora, vários movimentos que já existiam, ganharam força e velocidade em tempos de pandemia. “Gosto da expressão de que o Covid-19 é um acelerador do futuro. Estamos falando de tendências que pareciam estar anos a frente, mas que agora fazem parte da nossa realidade.”, disse Cristiane.

Questionada sobre mudanças no comportamento de consumo com um viés mais consciente, Cristiane destaca o movimento minimalista, que revela um consumidor muito mais consciente e responsável: “A partir do lockdown as pessoas se deram conta que podem viver com menos e, consequentemente, tendem a consumir de maneira mais consciente. Este consumidor quer saber qual a origem dos produtos que consome, como será o descarte, do que é feito, podemos falar que é um consumidor que tem um olhar 360º. E complementa se referindo a diversidade de comportamentos. “No entanto, o mundo não anda na mesma velocidade, algumas pessoas irão consumir mais e outras menos.”

Oportunidades para o turismo

Um dos segmentos utilizados como case para exemplificação do contexto atual foram o de turismo e eventos – os primeiros setores a serem afetados pela pandemia e provavelmente os últimos a se recuperarem.  “É uma área que precisa trazer um ambiente de confiança”, disse Jana, ao elogiar a criação do selo “ambiente limpo e seguro”, conferido pela prefeitura a estabelecimentos que seguem o protocolo de segurança determinado pelo Executivo. O selo vai ao encontro da germofobia atual – o medo patológico de germes – que deve ocasionar mudanças no mundo dos eventos.

Cristiane complementou citando que feiras de renome mundial estão se questionando quanto ao modelo atual e frequência e destaca: “O setor vai precisar ser criativo e se reinventar, talvez buscar na tecnologia recursos para se adaptar ao novo cenário.” E complementou que, em um primeiro momento, as pessoas vão priorizar viagens próximas e possivelmente em veículo próprio e que a retomada será gradual, destacando também que alguns estudiosos acreditam que o tráfego aéreo tal qual era pré pandemia é previsto para meados de 2023.

No encerramento da live, em resposta a questionamentos sobre comportamento Cristiane, que estuda Neurociência e Comportamento na PUCRS, comentou que nosso cérebro é desenhado para ligação social, e destacou a importância da colaboração. “Existem estudos na neurociência que comprovam que nosso cérebro se sente recompensado quando colaboramos com os outros.”

A live completa pode ser assistida no Facebook do CIC-BG (www.facebook.com/cic.bg). Essa foi a primeira transmissão de uma série de três previstas para este mês – as outras serão nos dias 8 e 15, com Eliane Zanluchi e Rogério Tessari, falando sobre inovação e negócios, respectivamente.

Fonte: Exata Comunicação

Crédito da foto: Barbara Salvatti/Exata Comunicação

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