O Verão 2019/2020 iniciou no último domingo, dia 22, no Hemisfério Sul, mais precisamente às 1h19min (hora de Brasília), e segue até o dia 20 de março de 2020. A estação tem início com o Pacífico Equatorial Central em estado de neutralidade, ou seja, sem influência dos conhecidos fenômenos El Niño ou La Niña.
A temperatura da superfície do mar está mais quente que o normal, mas a atmosfera na região não reflete o que poderia se esperar de um El Niño fraco, apresentando sinais de neutralidade, o que vai persistir ao longo da nova estação.
O verão tende a apresentar a comum irregularidade da chuva da estação com significativa variabilidade nos totais de chuva de uma área para outra. Neste verão, a chuva tende a ser ainda mais irregular com valores abaixo das médias históricas e déficit de precipitação em muitas áreas, o que pode levar o Rio Grande do Sul ou parte do Estado a um quadro de estiagem variando entre moderada a forte nos próximos 90 dias.
Com isso, os gaúchos devem enfrentar um verão com problemas de falta de chuva mais volumosa como não se vê desde 2012. Neste cenário, a MetSul Meteorologia alerta para a probabilidade de perda de produtividade nas safras de verão, diminuição dos níveis dos rios, risco de escassez de água para consumo humano e animal com decretos de emergência, e um risco acentuado de incêndios em vegetação (queimadas).
Apesar do quadro de chuva muito irregular, devem ser esperados episódios pontuais de chuva volumosa a excessiva, de curta duração, e com características muito localizadas ou regionalizadas. Em regra, acompanham temporais passageiros de verão em dias muito quentes e mais úmidos. Do ponto de vista da climatologia histórica, as regiões Norte, Leste e Nordeste do Estado têm uma maior propensão a estes episódios de chuva volumosa, sobretudo o Litoral Norte que sofre maior influência das correntes de umidade que atuam nesta época do ano no Sudeste do Brasil e nos litorais de Santa Catarina e do Paraná.
O verão é a época em que tradicionalmente ocorrem pancadas localizadas e passageiras de chuva que se dão, em regra, da tarde para a noite em dias de calor e umidade alta. Não raro chegam são acompanhadas de temporais, alguns fortes de vento e granizo, e podem despejar volumes altos de chuva em curto período com transtornos nas cidades por alagamentos. Casos mais extremos, sobretudo em dias de calor muito intenso com marcas entre 35ºC e 40ºC, trazem até tempestades severas com estragos por granizo, chuva excepcionalmente volumosa em curto período, vendavais, tornados e correntes descentes violentas de vento (downburst), como se viu em Porto Alegre em 29 de janeiro de 2016.
O tradicional calor, obviamente, se fará presente. MetSul projeta estação com temperatura acima da média histórica na grande maioria ou totalidade das cidades gaúchas com algumas jornadas de calor muito intenso em que as máximas devem ficar próximas ou até superarem os 40ºC em partes do Estado. Como se antecipa um verão com períodos secos até longos, e uma vez que longos intervalos de tempo seco tendem a favorecer extremos de calor, é alta a probabilidade que se registrem fortes ondas de calor neste verão, não se descartando até uma ou outra intensa. Mesmo sendo verão é provável que ocorram na estação dias de temperatura amena com maior influência de rápidas passagens de ar frio de trajetória marítima afetando mais o Sul e o Leste do Estado, especialmente em março.
Vento
Quando pulsos de ar frio de trajetória marítima atuarem sobre o Atlântico Sul perto da costa gaúcha, o vento Nordestão nas praias se fará mais presente em nosso litoral. Como neste verão espera-se temperatura mais alta do mar na nossa costa com ingresso da Corrente do Brasil favorecido pelo quadro de precipitação deficiente a partir de frentes frias que chegar fracas ou mesmo desviarão do Estado, os veranistas tendem a enfrentar menos dias com Nordestão e vão desfrutar mais dias com mar claro e quente.
Neste verão, especialmente entre o fim da estação e o começo do outono, devido à menor divergência de vento na atmosfera resultante do tempo mais seco e menor frequência de frentes frias, há um risco muito aumentado de formação de ciclones atípicos na costa do Rio Grande do Sul e do Sul do Brasil, seja de natureza subtropical ou mesmo tropical, o que é raro na nossa climatologia.
Fonte: Correio do Povo
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