Tecnologias da Indústria 4.0 aumentam, em média, 22% da produtividade em pequenas e médias empresas

As tecnologias digitais da Indústria 4.0 permitem aumentar, em média, 22% da produtividade de micro, pequenas e médias empresas. O resultado foi obtido no programa-piloto Indústria Mais Avançada, executado pelo Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (Senai) com 43 empresas de 24 estados, sendo que duas dessas empresas são do Rio Grande do Sul.

O Programa Indústria mais Avançada é o primeiro a testar no Brasil, em todas suas regiões, o impacto na produção do uso de ferramentas da indústria 4.0 de baixo custo, como sensoriamento, computação em nuvem e internet das coisas (IoT).

As empresas participantes já possuíam bom índice de produtividade antes do piloto, pois tinham passado pelo Brasil Mais Produtivo. O programa do governo federal, executado pelo Senai, elevou em 61%, em média, a produtividade de três mil micro, pequenas e médias indústrias por meio de técnicas de manufatura enxuta (lean manufacturing). As companhias que participaram da aplicação das duas etapas do programa, Indústria Mais Produtiva e Indústria Mais Avançada, aumentaram em torno de 83% sua capacidade de produzir sem alterar o quadro de funcionários. No Rio Grande do Sul, 243 empresas participaram do Brasil Mais Produtivo, aumentando, em média, 48% sua produtividade.

“Nossa intenção é mostrar as possibilidades que existem para as empresas iniciarem sua jornada rumo à indústria 4.0. O Senai busca assim desmistificar e conduzir as indústrias para este caminho, apresentando soluções simples que podem ser usadas por empresas de qualquer porte”, explica o diretor regional do Senai-RS, Carlos Trein. O primeiro passo para a 4.0 é o lean, conforme Trein. “O programa Indústria Mais Avançada é para quem já teve um ganho com o Lean Manufacturing”, lembra.

SEGMENTOS – Os pilotos foram realizados entre maio de 2018 e outubro deste ano em empresas dos segmentos de Alimentos e Bebidas, Metalmecânica, Moveleiro, Vestuário e Calçados. Os especialistas do Senai instalaram sensores, que coletam dados, e coletores, que os armazenam. Em seguida, as informações são transmitidas para a plataforma Minha Indústria Avançada (MInA), que permite acesso aos dados de produção da máquina sensoriada. Por meio de tablets e celulares, os gestores podem acompanhar, em tempo real, o desempenho da linha de produção e, com isso, ter maior controle de indicadores do processo, assim como antecipar-se a eventuais problemas. O equipamento custou até R$ 3 mil.

Na Prográs, em Caxias do Sul, o Senai instalou sensores na linha de montagem de fornos de fogões. Em cada posto de trabalho, os operadores apontavam em tablets a conclusão do ciclo, com o objetivo de avaliar se a etapa de produção ocorria no tempo ideal. “No fim do dia, pegávamos os indicadores, traçávamos um plano de ação e aplicávamos a solução no dia seguinte”, conta o proprietário da empresa, Cristiano Mesquita da Silva. A experiência permitiu elevar em 5% a produtividade, resultado positivo na sua opinião.

“É um dado relevante, porque foi escolhida uma linha principal, em que precisávamos aumentar rapidamente a produção para atender a demanda, que estava em alta”, justifica. No Brasil Mais Produtivo, a Prográs havia tido um aumento de 45%, na produtividade.

O Senai recomenda quatro passos para as indústrias brasileiras se atualizarem tecnologicamente. A digitalização é um dos primeiros degraus no processo. Nesse estágio, as tecnologias ajudam as empresas a conhecerem melhor seu chão de fábrica e a conseguirem se antecipar a eventos como paradas de máquinas, que afetam a eficiência do processo produtivo.

PASSO A PASSO RUMO À INDÚSTRIA 4.0

1) Enxugar processos: a recomendação é que, antes de digitalizar seus processos, a empresa adote métodos gerenciais e práticas organizacionais, como eficiência energética, produção limpa e manufatura enxuta (lean manufacturing), técnica que reduz desperdícios com medidas de baixo custo, com excelentes resultados no aumento de produtividade.

2) Qualificar trabalhadores: é fundamental qualificar os profissionais das empresas em técnicas como programação, robótica colaborativa e análise de dados, assim como desenvolver competências socioemocionais com métodos para estimular a criatividade, resolução de conflitos, o empreendedorismo, a liderança e a comunicação.

3) Empregar tecnologias disponíveis e de baixo custo: o Senai recomenda que as tecnologias digitais sejam empregadas, em um primeiro momento, para que as empresas aprendam o que está ocorrendo no seu chão de fábrica e sejam mais ágeis nas decisões. A sugestão é iniciar pela digitalização – utilização de soluções de baixo custo, como sensoriamento, internet das coisas, computação em nuvem e big data para melhor compreensão do processo produtivo. Em seguida, podem ser utilizadas técnicas como “advanced analytics” e inteligência artificial para prever problemas que afetam a produtividade, como quebras de máquinas.

4) Investir em pesquisa, desenvolvimento e inovação: a fim de serem mais competitivas e oferecerem melhores produtos, as empresas precisam investir em inovação. A recomendação é que os empresários tenham como objetivo a implantação de fábricas inteligentes, flexíveis e ágeis, conectadas com suas cadeias de fornecimento e com capacidade de customização em massa de seus produtos, estágio mais avançado da Indústria 4.0.

Fonte: Imprensa FIERGS

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