Confira entrevista com o novo diretor-geral do Campus Bento do IFRS

O professor Rodrigo Otávio Câmara Monteiro foi eleito diretor-geral do Campus Bento Gonçalves em consulta à comunidade acadêmica, realizada no dia 02 de outubro de 2019. O resultado homologado das eleições foi publicado na quinta-feira, dia 10 de outubro. A posse deve ocorrer em fevereiro de 2020, e o mandato tem duração de quatro anos. Conforme apuração, o candidato Rodrigo Monteiro recebeu 475 votos de estudantes (31,33%), 42 votos de docentes (55,56%) e 37 votos de técnico-administrativos(as) em educação (35,58%).

Sobre o novo diretor

Rodrigo e natural da cidade de Fortaleza, Ceará. Casado com a Priscylla há quase 12 anos, e pai do Lucas, que hoje tem 4 anos de idade. Filho de um economista e contador e uma professora licenciada em Letras. Assim como os pais, fez sua graduação na Universidade Federal do Ceará (UFC). No ano de 2002 formou-se Engenheiro e o mestrado em Irrigação e Drenagem dois anos depois. Em 2007 finalizou doutorado em Irrigação e Drenagem no Departamento de Engenharia de Biossistemas da Universidade de São Paulo (USP/ESALQ). 

Ao final de 2007 chegou à Bento Gonçalves para participar do concurso no antigo Centro Federal de Educação Tecnológica (CEFET-BG), hoje Campus Bento Gonçalves do IFRS. Apesar da aprovação no concurso, relatou que foi um ano difícil, em especial pela perde de sua avô materna. Entrou em exercício no campus no ano de 2008, completando agora em 2019, 12 anos de Instituto Federal e Campus Bento Gonçalves. Desde então atuou como professor nos cursos Técnico em Agricultura, Técnico em Zootecnia, Técnico em Viticultura e Enologia, Técnico em Agropecuária Subsequente ao Ensino Médio, Tecnólogo em Viticultura e Enologia e Especialização em Viticultura.

Atualmente leciona nos cursos superiores de Bacharelado em Agronomia e de Tecnólogo em Horticultura e no curso Técnico em Agropecuária Integrado ao Ensino Médio. Coordenou projetos de pesquisa e extensão que obtiveram destaque institucional. Possui experiência de gestão como Diretor de Pesquisa e Extensão no Campus Bento Gonçalves e na Direção de Pesquisa e Inovação. Atuou junto a Pró-Reitoria de Pesquisa, Pós Graduação e Inovação (PROPPI) pcomo Diretor de Fomento à Pesquisa e ao Desenvolvimento Tecnológico, cargo que deixou para realizar Pós-Doutorado na University of California, Davis(UC Davis) entre os anos de 2015 e 2016.

Quais os principais desafios no Campus Bento Gonçalves e quais são as prioridades num primeiro momento?

Os desafios na gestão de uma instituição pública de ensino são muitos, inclusive levando em conta a conjuntura brasileira atual, bastante complicada e adversa para os trabalhadores da educação, os quais vem sofrendo constantes ataques em relação ao seu ofício cotidiano e, até mesmo, em relação a sua legitimidade enquanto servidores federais.  Acredito que precisamos ir além dos muros do Campus e expor o nosso fazer diário para a sociedade em geral. Visibilidade é fundamental para que possamos consolidar uma imagem institucional associada à educação, à ciência, à tecnologia, bem como à percepção de qualidade nos nossos serviços e de nosso papel social junto à comunidade regional.

Quanto às prioridades, num primeiro momento, visualizo quatro questões emergenciais. A primeira será, juntamente com os outros dirigentes do IFRS, o enfrentamento firme contra pautas recorrentes que contrariam os direitos dos servidores e também o direito dos nossos estudantes à educação pública e de qualidade ofertada pelo nosso Campus. Precisamos articular e buscar apoios políticos importantes nesta direção para podermos melhorar o quadro orçamentário e garantir esta qualidade, dado que temos um corte de aproximadamente 41% previsto para o orçamento da Rede Federal de Educação Profissional em 2020. É imprescindível articularmos uma maior inserção regional do Campus para identificarmos alternativas e oportunidades de recursos e formas de atuação.

A segunda prioridade é a organização dos espaços físicos do Campus e a preocupação com a Segurança, demandas oriundas da comunidade acadêmica, a qual identificamos justamente por, já no processo eleitoral, estarmos abertos ao diálogo, buscando ouvir as pessoas e trabalhar junto com elas. Prioritariamente, pensamos na construção de um Plano Diretor associado a um plano de segurança e ao controle de acesso ao campus. Para isso, vamos envolver também nossos estudantes para pensarmos, juntos, soluções técnicas viáveis para estas questões.

A terceira é a reflexão e o debate sobre as nossas práticas pedagógicas, até mesmo em nível institucional, buscando a constante qualificação na formação de nossos estudantes e servidores, pensando, também, na qualificação dos nossos espaços de aprendizagem e de trabalho. Para tanto fomentaremos discussões sobre o tema e construiremos políticas que reflitam esta necessidade. Além disso, mapearemos todos os espaços de aprendizagem para poder intervir da melhor forma.

 A última é a construção de um programa de saúde física e mental para os nossos servidores e estudantes. Para este estudo, esta discussão e a elaboração destas estratégicas, buscaremos o auxílio de especialistas tanto do Campus quanto externos, quando for preciso, pois o tema é urgente e necessário.

Isto não significa que não possam surgir ou que não existam outros. Eles ocorrerão, mas temos que ter prioridades e focar em tentar resolvê-las.

 Como evitar que a atual conjuntura, com redução de orçamento, comprometa o trabalho do Campus Bento?

Entendendo que o nosso Campus está inserido numa região importante economicamente do estado e do país e que tem muitas oportunidades. Paralelamente à constante luta pelo recurso destinado à educação pública via orçamento, que entendemos ser constitucional e um direito de todos, pretendemos adotar a prática de buscar recursos de diferentes formas, entre elas: a) emendas parlamentares para a execução de novos projetos e melhoria das estruturas existentes; b) participação em chamadas públicas com bons projetos; c) contato e articulação com outros órgãos públicos, privados, ONGs, Associações, Cooperativas, inserindo o Campus de forma mais ativa nos espaços regionais de discussão de demandas prioritárias para identificar oportunidades de fomento e de atuação do nosso Campus, e; participação em chamadas de concessionárias do setor energético. Ao sermos contemplados nas alternativas supracitadas, poderemos remanejar os valores do orçamento para melhorias na estrutura e no funcionamento do campus BG. No entanto, tais alternativas serão exatamente isso: alternativas. Temos claro que o IFRS Bento Gonçalves é uma instituição de Ensino pública e, por essa razão, batalharemos pelo orçamento que é nosso direito e trabalharemos para sua ampliação

O que a comunidade acadêmica pode esperar do processo de transição?

De minha parte se pode esperar comprometimento e dedicação. Nosso objetivo primordial foi e é trabalhar pelo e para o campus Bento Gonçalves, mantendo práticas que se mostraram positivas e buscando implementar outras que venham a revolver problemas e qualificar as atividades diárias da comunidade. No entanto, a transição é uma questão que cabe mais a atual gestão. Já fizemos contato informal para iniciarmos o processo de transição e a atual gestão solicitou que este processo se iniciasse em novembro. Acredito que vai ser o mais tranquilo e harmonioso possível. Não temos intenção nenhuma de desqualificar o trabalho dos colegas que nos antecederam, ao contrário, pretendemos respeitar e manter as boas práticas da atual gestão, realizar os ajustes necessários e, quando necessário, inovar.

 O que você espera da comunidade acadêmica durante a sua gestão?

A comunidade acadêmica não é apenas o que move o Campus, ela é o próprio Campus. Portanto, sem a sua participação, o Campus não tem vida. Incentivaremos essa participação de forma sistemática, através de canais institucionais ágeis e amplos e contaremos com ajuda dela na solução dos problemas e nas discussões do Campus.

 

Fonte: IFRS

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