Desemprego no Estado reflete na Serra Gaúcha; perspectiva é de melhora

As dificuldades no mercado de trabalho podem ser medidas, em parte, pelo tempo destinado à busca por vagas. No Rio Grande do Sul, dos 487 mil desempregados no terceiro trimestre, 90 mil estavam à procura de ocupação por pelo menos dois anos, segundo estimativa do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). O número de pessoas nessa situação segue o mais elevado desde o início da série histórica, em 2012. No trimestre anterior, abril a junho, o grupo também havia sido projetado em 90 mil pela Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (Pnad Contínua).

Isso representa, conforme o levantamento, que um de cada cinco desempregados estava em busca de recolocação há 24 meses ou mais. O contingente poderia ocupar um estádio de futebol e meio como a Arena do Grêmio, cuja capacidade é de cerca de 60 mil pessoas, por exemplo.

Segundo a professora Lodonha Maria Portela Coimbra Soares, coordenadora do Observatório do Trabalho da Universidade de Caxias do Sul, o desemprego na região serrana cresceu significativamente a partir de 2013 e só começou a diminuir agora na segunda metade de 2018.

“Na região da Serra Gaúcha, o desemprego foi bastante acirrado principalmente a partir de 2013, com um aumento nos anos seguintes e perspectivas de melhora em 2017, o que não ocorreu. Essa melhora só se deu em 2018, principalmente no segundo semestre.”

Ainda segundo a professora, no período da crise, o número de desligados foi bastante elevado e a maior dificuldade foi a recolocação dessas pessoas no mercado de trabalho. Ela explica que assim como no Estado, na Serra Gaúcha, o perfil é mais desempregados mulheres com ensino médio concluído seguido pelas que tem ensino fundamental incompleto.

” Nesse período de crise, houve um número muito grande de desligados, de pessoas que foram desempregadas. Dessas pessoas, nesse período, foi muito complicado ter recolocação. Aqui na região, como no Estado, o perfil é mais desempregados mulheres com ensino médio completo ou ensino fundamental. E a recolocação se tornou difícil por conta do agravamento e da continuidade, em tempo, da crise”, pontua.

Para o IBGE, pessoas de 14 anos ou mais são consideradas desocupadas quando estão afastadas do mercado e seguem em busca de recolocação, com disponibilidade para voltar a atuar. Se exercerem atividades informais – os populares bicos – no período de procura por vaga com carteira assinada, deixam de integrar o contingente de desempregados.

No Estado, esse grupo dos 90 mil é formado por 55 mil mulheres e 35 mil homens. No Brasil, no terceiro trimestre, 3,2 milhões de trabalhadores estavam à procura de vaga há pelo menos dois anos – um em cada quatro dos 12,5 milhões de desocupados à época.

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