Assim que chegou a um encontro com empresários e banqueiros em São Paulo, nesta semana, o deputado federal e presidenciável Jair Bolsonaro (PSL-RJ) avisou a um grupo de participantes do evento: “Jamais serei patrão neste País”.
Ao explicar o porquê, ele enumerou problemas que a iniciativa privada tem para conseguir colocar de pé os seus negócios no Brasil. Recebido por Abílio Diniz em uma sala com vista para o Shopping Iguatemi, o polêmico parlamentar manteve o tom polêmico que marca muitas de suas manifestações.
Desafiado a dizer qual adversário gostaria de enfrentar em um eventual segundo turno, ele não titubeou: “Não vai ter segundo turno!”.
Em uma hora e meia de conversa (iniciada às 11h15min e durante a qual foram servidos apenas água e cafezinho), o postulante ao Palácio do Planalto repetiu várias vezes, o que define como um grande desejo seu: que o empresariado ajude a construir um colégio militar no Campo de Marte, no lugar do futuro parque proposto pela gestão do então prefeito João Doria, no começo de 2016.
O presidenciável manifestou o desejo de que as Forças Armadas voltem à sua época áurea, acusando o então presidente Fernando Henrique Cardoso (1995-2002) de ter “demonizado” a categoria. “Mas foram eles que impediram o Brasil de virar uma Venezuela”, disse Bolsonaro.
Por outro lado, ele opinou que as Forças Armadas não têm condições de comandar o País no atual momento. Mas enalteceu a disciplina e ordem como “qualidades essenciais para qualquer liderança”. Nesse momento, o parlamentar também aproveitou para lamentar os recursos destinados pelo governo federal à área militar, os quais considera insuficientes.
Segurança
Jair Bolsonaro enfatizou ser contra a corrupção mas não chegou a desenhar caminhos para acabar com o problema no País. Assim como defendeu a segurança pública sem apresentar qualquer proposta concreta para a área.
Ele também não poupou elogios aos Estados Unidos, sem citar de forma específica o presidente Donald Trump. E tornou pública a sua aversão à China. “Se deixarem, ela vai invadir o Brasil!”, teorizou.
O deputado-candidato também se disse contra a venda de terras para estrangeiros. Ouviu então, de um dos presentes favorável à medida, que o estrangeiro, ao comprar terra no Brasil, não pode simplesmente “embrulhar e levar embora”.
Bolsonaro se reposicionou, ponderando: “Então vou deixar os norte-americanos e vetar os chineses”, arrancando gargalhadas dos presentes.
Ao responder a outra pergunta sobre agricultura, o candidato sugeriu unir o Ministério da Agricultura com o do Meio Ambiente. A seu ver, ambos trabalhariam melhor juntos. “E o que fazer para combater o déficit publico, que hoje anda em torno de R$ 300 bilhões? Vai aumentar impostos ou cortar privilégios?”, indagou um empresário.
“Não vou aumentar impostos mas também não quero briga com o Poder Judiciário ou com o Poder Legislativo”, desconversou. Foi quando um dos empresários concluiu, em tom irônico: “Vai sobrar pra gente”. A certa altura um dos presentes quis saber se Bolsonaro vai manter Ilan Goldfajn no comando do Banco Central, caso vença a eleição. Não obteve resposta.
Sobre qual o perfil que Bolsonaro deseja para o STF (Supremo Tribunal Federal), cuja equipe ele havia dito que pretende dobrar se for eleito, ele disse que uma boa estratégia seria a de “juntar ao grupo vários Sérgios Moros”, em uma alusão direta ao juiz federal responsável pelos processos em primeira instância da Operação Lava-Jato.
Fonte: O Sul
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